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Padre Jeremias Lomnystsky, OSBM

Humildade e espírito de profunda oração

Conhecia bem o Senhor Deus a necessidade do seu povo e escolheu um homem que não temia dificuldades, nem se poupava nos trabalhos e sacrifícios pela glória de Deus. Confiando firmemente na ajuda divina, pôs as mãos à obra e não descansou até que ela estivesse concluída. Esse homem foi o Padre Jeremias Lomnytsky, missionário basiliano. (Ir. Josafata)

Deus, o Construtor de todas as coisas, ao pretender edificar a nova Congregação sobre um fundamento sólido, serviu-se do padre Jeremias Lomnytsky, OSBM. Ele conferiu à comunidade um espírito genuíno, seu carisma, e fundamentou o serviço apostólico e a fidelidade ao ideal da vida consagrada com seu incansável exemplo.

No mês de maio, a Igreja comemora a festa litúrgica do profeta Jeremias. É uma oportunidade propícia para relembrarmos a grande e digna figura do cofundador da Congregação das Irmãs Servas de Maria Imaculada, padre Jeremias Lomnytsky — homem que desempenhou também um papel notável na Igreja Greco-Católica Ucraniana no final do século XIX e início do XX.

Padre Jeremias Lomnytsky, OSBM, nasceu em 8 de fevereiro de 1860, na aldeia de Kavsk, pertencente ao decanato de Drohobych, eparquia de Peremyshl, na Ucrânia Ocidental. Era filho do pároco local, padre Mykhailo, e de Maria, da família Hashchyts, também oriunda de uma linhagem sacerdotal. Foi batizado em 12 de fevereiro na Igreja de Santa Paraskévia, recebendo o nome de João, em homenagem a São João Crisóstomo (“boca de ouro”).

A família sacerdotal Lomnytsky teve, além de João, outros seis filhos: Liubina, Cornélia, Antonio-Volodymyr, Nilo-Bohdan, Sava e Olga. O ambiente familiar favorecia o cultivo dos valores espirituais, e os pais se empenhavam desde cedo na formação cristã de seus filhos. Essa profunda consciência espiritual foi a base para sua formação posterior e influenciou na escolha do estado de vida de todos os filhos, que seguiram o ministério sacerdotal, perpetuando assim a gloriosa tradição da família Lomnytsky, que ofereceu muitos sacerdotes à Igreja Católica Ucraniana.

Aos 22 anos, enquanto lecionava na escola da aldeia, João sentiu o chamado de Deus para a vida consagrada e o sacerdócio. Em 1882, João visitou o noviciado dos Padres Basilianos em Dobromyl. Foi, viu e decidiu permanecer. Ao concluir o noviciado, recebeu o nome religioso de Jeremias. Após dois anos de estudos filosófico-teológicos, foi ordenado sacerdote em 17 de janeiro de 1886 pelo bispo João Stupnytsky, de Peremyshl. Destacava-se pela dedicação à Ordem e pela maturidade espiritual e intelectual.

Reconhecendo suas aptidões como educador e pedagogo, os superiores o nomearam diretor da escola fundamental da aldeia de Okruzhna, próxima de Lavriv — uma escola tradicionalmente administrada pelos basilianos.

Uma página memorável em sua vida foi sua ação missionária, iniciada em 1889 na cidade de Horodok, junto a seus coirmãos basilianos. Padre Jeremias sobressaía-se pelo dom da palavra. Preparava cuidadosamente suas pregações, adaptando-se aos ouvintes, e seus sermões eram teologicamente profundos. Era um missionário competente, dotado de qualidades humanas e espirituais, com especial zelo pelos “irmãos menores”. Dedicou-se inteiramente à pregação de missões e retiros para jovens, idosos e clero, sendo um dos missionários mais procurados de sua época.

Seu êxito, contudo, não estava apenas no que dizia, mas na coerência entre sua vida e sua pregação. E muito contribuiu, tanto pela palavra falada como pela escrita. Sua postura externa revelava uma vida espiritual profunda e disciplinada, servindo de exemplo e inspiração aos ouvintes. Na promoção dos valores espirituais, padre Jeremias dava especial atenção às mulheres. “Precisamos com todas as forças — escreve ele — assumir a responsabilidade na educação do coração, ou seja, a educação das jovens, mulheres e mães, pois conforme forem elas, assim será o povo”. Ele destacava o papel fundamental das mulheres na transformação da sociedade, começando pela própria família. Por isso, promovia com frequência retiros voltados às mulheres, especialmente às esposas de sacerdotes, incentivando uma consciência mais profunda sobre sua identidade e missão.

Muito agraciado por Deus, padre Jeremias marcou profundamente os corações e mentes das primeiras Irmãs Servas. Foi para elas pai espiritual, cofundador, mestre, pregador e orientador. Nos registros dos retiros que pregou às primeiras Irmãs, encontramos ensinamentos preciosos, ainda hoje fonte de inspiração para a vivência autêntica da consagração religiosa. Seu desejo era infundir na jovem Congregação o espírito de Deus, do qual ele mesmo era plenamente possuído.

A Irmã Olena Dykun, em seus registros históricos, destaca que padre Jeremias, com a bondade de um pai, pensava em cada irmã de forma individual. Valorizava cada vocação na Congregação, visitava com frequência as casas das irmãs, e estas se sentiam à vontade para conversar com ele com plena confiança.

Foi perseguido pelo regime comunista. Apesar de ter a possibilidade de fugir ou se esconder, preferiu permanecer firme. Dizia: “Preciso cuidar das irmãs e defendê-las perante os soldados. É o meu dever, pois elas são obra... do meu espírito”.

Em 20 de janeiro de 1915, um oficial soviético ordenou sua prisão, que foi executada em 24 de janeiro. Padre Jeremias pediu permissão para se despedir das Irmãs. Reuniu-as na capela, expôs o Santíssimo Sacramento, abençoou-as, dirigiu-lhes palavras de despedida e iniciou o canto: “Sob tua proteção, ó Virgem Mãe de Deus...”. Em meio ao canto, ouviram-se os soluços das Irmãs. Padre Jeremias foi levado para várias prisões, sendo por fim deportado para a Sibéria.

Faleceu em 3 de julho de 1916, na cidade de Sambirsk, Sibéria. Hoje, no céu, intercede pelas suas amadas filhas em Cristo.