Inspiradas no legado deixado pela Bem-aventurada Josafata, as Irmãs cuidam dos enfermos com amor e compaixão.
Desde a fundação da Congregação das Irmãs Servas de Maria Imaculada, o carisma deixado pela cofundadora, a Bem-aventurada Josafata Hordashevska, sempre esteve profundamente ligado ao cuidado dos enfermos. Ao chegarem ao Brasil, as Irmãs deram continuidade a essa obra, especialmente em comunidades carentes de recursos médicos e hospitalares.
Em Prudentópolis, as Irmãs missionárias se depararam com a ausência de um hospital, bem como de médicos, dentistas e farmacêuticos. Entre elas, destacou-se a Irmã Anatólia Tecla Bodnar, que assumiu um papel essencial no atendimento à saúde da comunidade. Diante da situação, Irmã Anatólia passou a exercer múltiplas funções, utilizando todos os meios disponíveis para aliviar o sofrimento dos enfermos. Para suprir essa necessidade, ela improvisou um barracão onde os enfermos eram atendidos. Nesse espaço rudimentar, as Irmãs prestavam assistência a pacientes acometidos por doenças graves, como varíola, peste bubônica e tifo. Além dos cuidados físicos, ofereciam conforto espiritual, tornando-se uma presença indispensável na vida da comunidade.
Combinando o uso de medicamentos, ervas medicinais e a oração, Irmã Anatólia conquistou a confiança do povo, que passou a chamá-la carinhosamente de “nossa boa Irmã médica”. Para melhorar as condições de atendimento, uma pequena casa foi adaptada, contando com três quartos: dois para internação de pacientes e um que funcionava como farmácia, consultório e sala de pequenos procedimentos. Embora modesta, essa iniciativa marcou o início de um trabalho que se expandiria ao longo dos anos.
À medida que a demanda aumentava, as Irmãs adaptavam os espaços com criatividade e empenho, garantindo que nenhum enfermo ficasse sem assistência. Em 1936, diante da necessidade de um hospital maior, foi construída uma nova estrutura de madeira. Para viabilizar a obra, criou-se uma Associação Hospitalar, que arrecadou fundos para a compra de materiais. Embora esta associação tenha sido dissolvida posteriormente, o hospital foi concluído e permaneceu em funcionamento até 1961, quando foi substituído por uma construção de alvenaria.
Durante os anos de funcionamento desse hospital, a formação das novas Irmãs também foi uma prioridade. Como mestra de noviças e, posteriormente, Superiora Provincial, Irmã Anatólia incentivou as religiosas a se capacitarem em enfermagem, contribuindo para a profissionalização do atendimento prestado. Com o tempo, a pedido da população, as Irmãs expandiram sua obra de apostolado de cuidado dos enfermos para outras localidades, levando auxílio às comunidades de Ivaí, Dorizon, Linha Esperança, Colônia Marcelino, Cruz Machado – Rio das Antas, Linha Marcondes, Itapará, Ponta Grossa, Palmital, Castro, Antônio Olinto, União da Vitória, no Paraná e Itaiópolis, em Santa Catarina.
As principais atividades realizadas pelas Irmãs com relação ao cuidado dos enfermos incluíam atendimento domiciliar, ambulatorial e hospitalar, administração de farmácias, gestão de hospitais e asilos, e suporte à maternidade. Elas se destacaram pelo cuidado integral aos pacientes, incluindo suporte espiritual, atenção individualizada e dedicação a comunidades carentes. Ao lado do atendimento físico, nunca faltou socorro espiritual. Nos hospitais onde atuavam, a Pastoral da Saúde desempenhava um papel fundamental. Uma Irmã era designada para acompanhar os pacientes, verificando se necessitavam de confissão, comunhão ou, em casos graves, da Unção dos Enfermos. Quando necessário, o sacerdote era chamado para prestar assistência espiritual. Além disso, as Irmãs visitavam os enfermos, promoviam momentos de oração nos corredores do hospital.
No Hospital Bom Jesus, em Ponta Grossa, e no Hospital Sagrado Coração de Jesus, em Prudentópolis, era celebrada a Divina Liturgia, permitindo que doentes e colaboradores participassem das celebrações. Os funcionários também recebiam apoio espiritual e tinham acesso a momentos de oração, novenas e encontros promovidos pela Pastoral da Saúde. Quando havia pacientes de outras religiões, o atendimento espiritual era garantido por líderes de suas respectivas confissões. O trabalho das Irmãs nos hospitais Bom Jesus e Sagrado Coração de Jesus foi encerrado em primeiro de junho de 2023, no entanto, o trabalho permanece vivo em um hospital local de Andresito na Argentina, na unidade de saúde de Barra Bonita em Prudentópolis e na Vila Madre Anatólia, ondem residem as Irmãs idosas, também em Prudentópolis. Hoje, muitas das Irmãs que estão na Vila Madre Anatólia e que precisam de um cuidado especial são aquelas que se dedicaram a cuidar dos mais necessitados. Esse trabalho reflete a obra de apostolado de cuidado dos enfermos das Irmãs Servas de Maria Imaculada, cuidando de quem muito cuidou.
Mais do que prover cuidados médicos, a presença das Irmãs representa acolhimento, segurança e apoio espiritual. Além de tratar as enfermidades físicas, elas cuidam das enfermidades espirituais, oferecendo aconselhamento, escuta atenta e conforto, preparando os enfermos para o recebimento dos Santos Sacramentos. Com paciência e dedicação, elas vivem as palavras do Evangelho: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 40). Esse compromisso, reflete o legado da Bem-aventurada Josafata e da Serva de Deus Irmã Anatólia Bodnar, que dedicaram suas vidas ao cuidado dos enfermos.