Propriamente, a Congregação surgiu em 1891, quando jovens da aldeia de Zhuzhel manifestaram ao Pe. Jeremias Lomnytsky, OSBM, durante a pregação de Missões, o desejo de ingressar na vida religiosa consagrada. Entretanto, foi com o apoio do Pe. Cirilo Seletsky que a Congregação foi oficialmente fundada em 1892. Na época, a Igreja Católica Ucraniana carecia de uma congregação religiosa feminina com o estilo de vida apostólica que atendesse amplamente aos fiéis, uma vez que as Irmãs da Ordem de São Basílio Magno possuíam um estilo de vida contemplativo que, consequentemente, era mais recluso. Por conta desse e também de outros motivos, muitas das jovens acabavam ingressando nas congregações femininas da Igreja Católica Apostólica Romana, que atuavam extensivamente na região da Galícia.
Os Padres da Ordem de São Basílio Magno, com experiência na condução de Missões, perceberam que seus esforços não eram completamente eficazes. Foi então, que em 1886, durante uma visita à casa dos Padres da Companhia de Jesus, na localidade de Stará Ves, na atual República Tcheca, os Padres Basilianos foram aconselhados pelos Padres Jesuítas sobre a necessidade de um instituto religioso feminino que contribuísse com o soerguimento moral das aldeias, tal qual a Congregação das Pequenas Servas da Imaculada Conceição, conhecidas como “Irmãs Servas Polonesas”, desempenhava entre os fiéis de tradição litúrgica latina. Os Padres Jesuítas ainda argumentaram que somente desta maneira os Padres Basilianos seriam capazes de alcançar pastoralmente todos os fiéis da Igreja Católica Ucraniana.
Isso fez com que o Pe. Jeremias, diretor das Missões Basilianas, refletisse profundamente e tivesse a inspiração de fundar urgentemente uma congregação de religiosas consagradas que se dedicasse à formação do coração humano, educando crianças, instruindo mulheres e cuidando dos enfermos. No entanto, para que a inspiração tida pelo Pe. Jeremias pudesse ser colocada em prática, eram necessários recursos econômicos, que não lhe estavam prontamente disponíveis, mas que foram alcançados com o apoio do Pe. Cirilo Seletsky, respeitado por seu compromisso pastoral e zelo espiritual. Deste modo, a fundação da Congregação das Irmãs Servas de Maria Imaculada começou a se concretizar, tendo os Padres Basilianos como responsáveis pelas questões normativas e espirituais, e o Pe. Cirilo como responsável pelas questões materiais e financeiras.
Em 24 de agosto de 1892, Miguelina recebeu o hábito religioso que ela mesma havia confeccionado, adotando o nome religioso de Josafata, em honra ao Santo Hieromártir Josafat Kuntsevytch, que juntamente com o metropolita José Veliamyn Rutskey, reformaram a Ordem de São Basílio Magno em terras ucranianas, e a constituíram nos moldes atuais, em 1617. A noviça Josafata, aos 22 anos de idade, foi então para Zhuzhel, com a finalidade de preparar a bênção da primeira residência da Congregação e de receber as primeiras jovens candidatas à vida religiosa consagrada. Em 27 de agosto de 1892, na Solenidade da Dormição da Santíssima Mãe de Deus, conforme o Calendário Juliano, paroquianos e visitantes lotaram a Igreja de Zhuzhel com a finalidade de testemunhar a fundação da Congregação das Irmãs Servas de Maria Imaculada. Efetivamente, a primeira comunidade da Congregação foi formada pela Irmã Josafata e outras sete jovens que se candidataram à vida religiosa consagrada.
A missão das Irmãs Servas de Maria Imaculada no Brasil teve início em resposta às necessidades espirituais, culturais e sociais dos imigrantes ucranianos, expressas em um congresso realizado em Curitiba em 1910. Atendendo ao apelo do Padre Clemente Bzhuchovsky, OSBM, sete Irmãs viajaram da Ucrânia ao Brasil em 1911, sendo calorosamente recebidas em Prudentópolis e Iracema. Enfrentaram dificuldades com a língua, condições de vida precárias e a falta de infraestrutura, mas encontraram nessas dificuldades a oportunidade de viver intensamente o carisma da Congregação, iniciando obras educativas, pastorais, sociais e de saúde.
Logo nos primeiros dias, fundaram escolas para atender às crianças dos imigrantes, transmitindo valores cristãos e culturais. Em Prudentópolis, fundaram o Colégio Imaculada Virgem Maria, e em Iracema organizaram outra escola igualmente dinâmica. Além da educação formal, ministravam aulas de artes e línguas, promoviam atividades culturais e religiosas. As Irmãs também se dedicaram à assistência aos enfermos, idosos e órfãos, abriram um hospital e percorreram longas distâncias para cuidar dos doentes, sempre unindo fé e serviço. No campo pastoral, mantiveram viva a tradição espiritual e cultural ucraniana, com zelo pelo culto divino e pela beleza da casa de Deus.
A missão cresceu e floresceu, levando à fundação da Província São Miguel Arcanjo, após a unificação da Congregação em 1934 no Capítulo Geral em Lviv, que também estabeleceu as Províncias do Canadá e da Ucrânia. As Irmãs no Brasil, embora inicialmente atuando de modo mais autônomo, mantinham viva a comunicação com a casa-mãe e foram reconhecidas por sua dedicação, santidade e frutos apostólicos. Como destacou profeticamente o Metropolita Andrey Sheptytsky a Congregação no Brasil teria um grande futuro, e de fato, com coragem, fé e espírito de sacrifício, as Irmãs Servas de Maria Imaculada lançaram bases sólidas que continuam frutificando até hoje.
A primeira irmã a assumir a missão de Superiora em Prudentópolis foi Irmã Volodemera Pinhonzhek, acompanhada pelas dedicadas Irmãs Anatólia Tecla Bodnar, Eumélia Klapoushchak e Sofia Ramatch. Corajosas e empenhadas, iniciaram sua missão atuando na escola, na pastoral, no cuidado aos enfermos e na manutenção do templo, com grande zelo e espírito de serviço.
Em 1916, transferiram-se para uma nova residência, em decorrência da troca de casas entre os Padres Basilianos e as Irmãs. Com o tempo, adquiriram um terreno próprio, onde construíram uma modesta escola e um internato. O número crescente de internas motivou a Irmã Volodemera a liderar a construção de um edifício mais adequado, em alvenaria, cuja obra, concluída com muito sacrifício, foi finalizada em 1931.
Mais tarde, ao ser eleita Superiora Provincial, Irmã Anatólia Tecla Bodnar identificou a importância da formação acadêmica para as Irmãs e passou a incentivá-las aos estudos. Já na década de 1940, Irmã Teofânia Borchtch assumiu a liderança provincial e se dedicou intensamente à conquista da abertura do Ginásio (5ª à 8ª série) e do curso Normal Regional, ampliando as possibilidades de educação na região. Na gestão da Irmã Bartolomeia Feduch como Superiora Provincial, teve início a construção da nova residência destinada ao Noviciado. A nova estrutura também passou a acolher a sede do Conselho Provincial, marcando um novo tempo para a Congregação em Prudentópolis.
No dia 17 de abril de 1911, os moradores ucranianos da pequena comunidade de Iracema, em Santa Catarina, acolheram com grande alegria as tão esperadas Irmãs Servas de Maria Imaculada. Chegaram em três: Irmã Olga Lukatch, Irmã Helena Kutcher e Irmã Salomia Kovalyshyn, prontas para viver e servir junto ao povo. Como Jesus, que nasceu pobre e iniciou sua missão redentora em uma simples estrebaria, também as Irmãs iniciaram sua missão em uma humilde casinha. Inspiradas pela simplicidade da Sagrada Família, escolheram-na como padroeira e protetora daquela nova morada.
Logo nos primeiros dias, dedicaram-se com carinho ao cuidado dos doentes e rapidamente conquistaram a confiança das crianças e de seus pais. No dia 1º de maio, abriram as portas da escola, acolhendo cerca de 140 alunos — um sinal claro da sede de saber e fé daquela comunidade. Em 1959, graças à generosidade dos paroquianos, uma nova escola foi construída, com salas de aula amplas, espaço para os professores e um refeitório. O projeto, que ganhou forma com o apoio dos prefeitos da época, era o sonho do padre Pedro Baltzar, OSBM, e contou ainda com significativa ajuda financeira do padre Nicolau Ivaniv, OSBM.
A trajetória da missão em Iracema assemelha-se a um bordado ucraniano: mesmo com linhas escuras, o conjunto revela uma beleza marcante. Entre os anos de 1914 e 1915, tempos difíceis atingiram a comunidade — houve saques, roubos e uma praga de gafanhotos que devastou plantações. Curiosamente, os cultivos das Irmãs foram poupados, um sinal do cuidado providente de Deus sobre suas filhas dedicadas.
Com a chegada das Irmãs Servas de Maria Imaculada ao Brasil, em 1911, muitas jovens se inspiraram em seu testemunho evangélico, o que incentivou a fundação de um Noviciado. Apesar da condição inicial de regressar à Galícia caso não tivessem sucesso em cinco anos, em 1915, receberam a autorização do Ordinariato de Curitiba para abrir oficialmente o Noviciado, dando início à formação de candidatas brasileiras à vida religiosa consagrada. O Noviciado cresceu com o ingresso de novas jovens, exigindo um processo formativo bem estruturado para que assumissem o carisma da Congregação.
Em 1956, foi inaugurado o Juvenato em Prudentópolis, espaço de convivência, oração, estudo e formação cristã, cultural e vocacional. Percebendo a dificuldade de conciliar a formação com o trabalho apostólico intenso em Prudentópolis, as Irmãs decidiram transferir o Noviciado para Ivaí, em 1981, buscando melhores condições de formação. A nova sede, ampliada entre 1993 e 1998, foi inaugurada com a bênção do bispo Dom Efraim Basílio Krevey e tornou-se referência no processo formativo das vocacionadas.
Hoje, o Noviciado em Ivaí é um espaço essencial na vida da Congregação, favorecendo o crescimento espiritual, humano e comunitário das vocacionadas, e preparando-as para viver com autenticidade o carisma das Irmãs Servas de Maria Imaculada.
A atividade missionária das Irmãs Servas de Maria Imaculada no Brasil foi grandemente abençoada por Deus, pela Igreja e pelo povo. Em pouco tempo, a missão cresceu em número de Irmãs, no aperfeiçoamento espiritual e na vivência do carisma. As primeiras Irmãs que chegaram da Ucrânia lançaram bases sólidas na construção da Província que seria formada. A fé, o amor, a esperança, a coragem, o apostolado árduo, o espírito de sacrifício que possuíam e busca pela santidade produziram abundantes frutos para toda Igreja.
Ora, por motivos diversos, a missão das Irmãs Servas de Maria Imaculada no Brasil permaneceu, por alguns anos exercendo as obras de apostolado de forma autônoma em relação à Congregação na Ucrânia. Mesmo mantendo comunicação com as Irmãs ucranianas, as Irmãs que aqui estavam desejavam que todas exercessem a sua missão apostólica de modo único, respeitando as particularidades de cada local. Foi, então, que em 1934, em Lviv, na Ucrânia, aconteceu o primeiro Capítulo Geral da Congregação, reunindo Irmãs da Ucrânia, do Canadá e do Brasil, com o objetivo de unificar a Congregação. Por conta disso, foram criadas três Províncias. A Província da Ucrânia, tendo Nossa Senhora das Dores como padroeira. A Província do Canadá, sob a proteção de Cristo Rei. E a Província do Brasil, sob a proteção de São Miguel Arcanjo. Para cada Província, conforme a prescrição da Constituição de 1932, foi nomeada uma Superiora e seu Conselho Provincial.
A história não relata o motivo pelo qual São Miguel Arcanjo foi escolhido como padroeiro, mas é possível deduzirmos que, devido às dificuldades e aos perigos enfrentados, as duas Irmãs que foram designadas como delegadas desse Capítulo Geral, a Ir. Anatólia Tecla Bodnar, como superiora, e a Ir. Valdomira Pinhonjek, como eleita entre as demais Irmãs do Brasil, optaram pela proteção de São Miguel Arcanjo, confiando a ele a missão apostólica de toda Província.
Sob a intercessão e proteção de São Miguel Arcanjo, as Irmãs recebem de Deus a força e a coragem para enfrentar os desafios e adversidades que acompanham a história da Congregação no Brasil desde a chegada das primeiras missionárias. Fonte de inspiração, São Miguel é aquele a quem as Irmãs recorrem nos momentos de provação, buscando nele fortaleza, coragem e discernimento para perseverar na missão com fé, esperança e amor.